O início do ano letivo, na Educação Infantil, representa um momento de adaptação para crianças e suas famílias
Quando os dedos das mãos se desentrelaçam, a ansiedade toma conta dos corredores. Esse, aliás, é o sentimento mais compartilhado entre as famílias, no início do ano letivo da Educação Infantil. Afinal, gerir as emoções, que afloram especialmente nos primeiros dias de aula, demanda paciência e confiança. Por isso, no Colégio Notre Dame Passo Fundo, o período de adaptação representa o momento de vinculação da criança e dos seus familiares com a comunidade educativa, o que ocorre de forma gradativa, com o suporte da ludicidade e do diálogo.
O tempo de permanência do educando na escola, por exemplo, é progressivo e leva em conta alguns aspectos, como a faixa etária e a individualidade da criança, pois, conforme a coordenadora pedagógica do nível de ensino, Márcia Scortegagna, prioriza-se a assiduidade. “É preferível que haja uma sequência, ou seja, que ela venha todos os dias, mesmo que por pouco tempo, do que fique uma tarde toda, mas que não seja uma tarde tão prazerosa, porque ainda existem muitos sentimentos envolvidos, como a insegurança, o medo do desconhecido, a amplitude do local ainda a ser explorado. É importante que a criança consiga levar para o dia posterior a vontade de retornar ao Colégio”, explica.
É, também, com o intuito de despertar tal desejo que, no período de adaptação, as educadoras fazem uso da ludicidade, através de recursos como canções, desenhos, brincadeiras folclóricas, contação de histórias e, também, atividades livres. “O ano todo é lúdico, mas, agora, principalmente, não temos um rigor de rotina, porque precisamos focar na criação do vínculo”, reforça Márcia.
Além disso, é solicitado aos responsáveis pelos educandos que sejam enviados à escola objetos pelos quais a criança tem apreço, pois eles podem significar a lembrança do ambiente familiar e, assim, tornar a adaptação mais natural, conforme esclarece a coordenadora. “Pode ser a chupeta, o ursinho, o paninho, o cheirinho, enfim, aquilo que tenha um valor afetivo muito significativo para a criança, permitindo que, mesmo em um local ainda desconhecido, seja possível estabelecer uma relação de confiança, de carinho e de expressão de sentimentos”, complementa.
É fundamental, também, que os familiares transmitam tranquilidade e segurança ao educando, mesmo que, como pontua Márcia, seja natural que eles sintam ansiedade e nervosismo. “Para a criança, esse é um momento de muitos sentimentos envolvidos e que são importantes para o seu crescimento. Então, devemos evitar que ela sofra e perca a confiança na instituição escolar. Ela tem que acreditar que, na escola, ela está bem acolhida e que as pessoas estabelecem sempre o diálogo com a verdade”, indica.
Esse processo de construção de vínculos com o educandário, contudo, inicia muito antes do primeiro dia de aula: o acolhimento ocorre desde a primeira visita da família ao Colégio, quando, guiada pela Coordenação, ocorre a imersão nos valores que permeiam o cotidiano escolar, além da apresentação da proposta pedagógica que norteia os processos de ensino e aprendizagem e dos ambientes pedagógicos.
Quanto ao tempo necessário para que a criança se adapte à rotina escolar, como enfatiza a coordenadora pedagógica, não há rigor. “Quanto menor a idade da criança, maior o período de adaptação. Por isso, para os educandos de quatro ou cinco anos de idade, que estão no Nível II e III, o período é de, no máximo, uma semana. Já para os menores, do Maternal, do Junior e do Nível I, o tempo é o necessário para adquirir segurança e criar o vínculo com as pessoas que estão na escola para atendê-los”, comenta.
Assim como elas, as famílias também têm sua maneira de reagir, especialmente, ao ingresso na vida escolar. “Há aqueles que vão deixar a criança e ir para casa; outros ficarão por perto, mais preocupados; alguns choram”, cita Márcia. Porém, tendo em vista a plena adaptação dos educandos, é imprescindível que sigam as orientações da equipe pedagógica. “Falaremos aos pais: agora é o momento de se afastar da sala, para que a professora possa criar o vínculo com criança”, ressalta a coordenadora, complementando que, mesmo quando deixarem o entorno da sala de aula, serão informados sobre o bem-estar do pequeno. “Afinal, a verdade e o diálogo são fundamentais em todo esse processo”, finaliza.
