Em 2018, o Brasil registrou, na comparação com o ano anterior, um aumento de 4,41% no número de consumidores com contas em atraso. O dado, fornecido pelo Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), demonstra que o País encerrou o último mês de dezembro com, aproximadamente, 62,5 milhões de brasileiros nessa situação ou, até mesmo, com o CPF restrito para contratação de crédito e para efetuar compras parceladas – número que representa 41% da população adulta brasileira.
Frente a esse cenário, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica – orienta, por meio de suas diretrizes, o desenvolvimento da habilidade de resolução de problemas dentro do contexto da Educação Financeira. Afinal, como descreve a normativa, a abordagem da temática favoreceria “um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro”.
Em consonância com tal pressuposto, as crianças matriculadas no Integral Notre Dame – Atividade Extracurricular oferecida pelo Colégio Notre Dame em turno inverso ao ensino regular – foram estimuladas a compreender a importância de economizar e planejar as finanças. Por meio de oficinas, como descreve a coordenadora, Raquel Revelhax de Souza, elas receberam os subsídios necessários para que, desde já, atuem como protagonistas das suas histórias de vida. “A criança precisa entender a importância do planejamento financeiro, pensando no quanto ganhou, por exemplo, por ter ajudado a mãe ou o pai a lavar a louça, e o que ela pode comprar com esse dinheiro”, exemplifica. “Se é algo que está fora do seu orçamento inicial, precisa estimar o quanto ela precisa guardar para, aí sim, efetuar a compra”, prossegue. Por isso, enfatiza, são oficinas que ocorrem na escola, mas que trazem reflexos imediatos e futuros.
A primeira delas, ministrada pelo o empresário Juliano Machado, demonstrou, de forma lúdica, o quanto os familiares precisam investir para adquirir novos brinquedos.
Em seguida, mas também com o intuito de exemplificar que nem sempre se tem os recursos necessários para comprar aquilo que se deseja, enfatizando que é necessário optar conscientemente por itens que atendam às necessidades, os educandos foram convidados a, utilizando cédulas de brinquedo, ir às compras. Dessa forma, prossegue Raquel, foi possível transmitir aos pequenos o entendimento acerca do valor do dinheiro. “Assim, eles estabelecem noções sobre o que é caro ou barato, se o preço é acessível a eles e se a aquisição vale a pena”, afirma.
Em outra ocasião, o bancário Sandro Júnior dos Santos detalhou às crianças como ocorre a emissão de cédulas, esclarecendo que o dinheiro não é oriundo do caixa eletrônico – ideia geralmente construída pelo imaginário infantil.
O convidado também salientou, por meio de vídeos educativos, a necessidade de respeitar o orçamento familiar e de praticar ações cotidianas que visem à economia de recursos naturais e financeiros, como desligar a luz ao deixar o ambiente e manter a torneira fechada ao escovar os dentes.