Ofertadas como um gesto de acolhida às dez religiosas que, desprendendo-se de tudo que lhes era conhecido, rumaram para o Brasil imbuídas do espírito de proclamar o evangelho e oportunizar o acesso à educação, as flores, cuja tonalidade intensa contrastava com a gélida e chuvosa madrugada de 07 de junho de 1923, serviram de alento àquelas que, após longas semanas em trânsito, chegavam ao primeiro dos seus destinos. Afinal, inspirando a convicção de que Passo Fundo estava nos planos feitos por Deus para as Irmãs de Notre Dame, a calorosa recepção as fez confiantes de que nem mesmo a dificuldade de comunicação – decorrente do seu parco conhecimento da Língua Portuguesa e, igualmente, de quão mal difundido entre os munícipes era o idioma alemão – as impediria de cumprir com o propósito que as fez principiar, ainda em abril, a jornada marítima e ferroviária.

Foi a pedido do Frei Jacob Höfer – que descrevia o norte do Rio Grande do Sul como um local dotado de poucas e primitivas escolas, as quais eram frequentadas sem a assiduidade ideal, em função das grandes distâncias e das estradas por vezes intransitáveis – que a Congregação das Irmãs de Notre Dame, com sede em Coesfeld (Alemanha), se comprometeu em participar da obra pastoral e educacional na região – promessa efetivada nos meses que se seguiram ao desembarque das religiosas, tanto com a fundação do Colégio Notre Dame, em Passo Fundo, quanto do Colégio são José, em Não-Me-Toque.

Passados 99 anos da acalentadora recepção, que teve como cenário a estação férrea de Passo Fundo, a entrega de flores às Irmãs foi ressignificada ao ser, novamente, protagonizada. Oferecidas às que integram a comunidade escolar, durante a abertura das festividades alusivas ao centenário da presença Notre Dame em terras brasileiras, as rosas vermelhas representavam a gratidão de educandos e incontáveis ex-alunos que vivenciaram, no Colégio Notre Dame, aprendizados essenciais à vida.

A reprodução de tal gesto, contudo, foi apenas um dos momentos de forte emoção que perpassaram as cerimônias inaugurais. Realizadas na terça-feira (07), contemplando as diferentes etapas de ensino ofertadas pela instituição, elas oportunizaram que as crianças e os adolescentes revisitassem as origens da Congregação das Irmãs de Notre Dame. Para tanto, símbolos e cânticos lhes permitiram recordar a vida e a obra de quem a vislumbrou: Júlia Billiart.

Hilligonde Wolbring e de Elisabeth Kühling também foram lembradas. Afinal, nutrindo anseios semelhantes ao objetivo apostólico que já movia as religiosas francesas e holandesas norteadas pelo carisma daquela que ainda viria a ser canonizada, as professoras alemãs são as precursoras da obra que, no começo da década de 1920, alcançou o Brasil.

A grandiosidade da atuação das Irmãs de Notre Dame, hoje presentes em cinco continentes, também foi enfatizada pela celebração que, por fim, permitiu aos estudantes compreender quão ampla é a programação idealizada para festejar este século em solo brasileiro.

Pautada pelos princípios intrínsecos ao fazer educacional Notre Dame – tais como o compromisso com o projeto de Deus, o cuidado com a vida em suas mais diversas manifestações, o fomento às habilidades socioemocionais, a valorização da história, a busca pela excelência pedagógica e a integração com a comunidade -, a comemoração prevê, entre outras atividades, a distribuição de 20 mil lápis dotados de sementes e o plantio de uma centena de árvores nativas, a realização de uma nova edição do Encontro Nacional da Juventude Notre Dame e do Congresso Nacional de Educadores Notre Dame, a promoção de encontros de ex-alunos e celebrações comunitárias, a peregrinação às origens da Congregação e ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, além de uma Cantata Natalina alusiva à presença Notre Dame no País.

99º Aniversário do Colégio Notre Dame:

Como a abertura das festividades relativas ao centenário coincidiu com a data em que o Colégio Notre Dame comemora a sua fundação, os educandos uniram suas vozes para homenageá-lo.

Após entoarem a cantiga “Parabéns pra Você” e explicitarem o orgulho que sentem ao vestir o uniforme do educandário, cantando com vigor o hino que o identifica, eles foram, então, presenteados com os sonhos tradicionalmente distribuídos pela instituição de ensino por ocasião do seu aniversário.

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